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Avenida da Liberdade

Ontem passei na Avenida da Liberdade. E pensei na palavra. Liberdade. Pouco usada. Poucos entendem o seu verdadeiro significado. Se é que ainda significa alguma coisa neste país à beira-mar plantado.

Liberdade de revelar o que nos vai cá dentro. Liberdade de fazer o que nos dita a consciência, sem medo de consequências ou de mau agoiros. Liberdade de escrever, fotografar, passear, conviver, relatar, ouvir palavras com liberdade e sem medos. Sem amarras. Esquecimento da submissão, servidão, dependência nítida e mesmo irracionalidade. Porque somos todos, naturalmente, seres livres no pensar, agir. Foi isso que sempre aprendi nos meus anos de estudo!

Kant dizia que ser livre significa ter autonomia. Ter conhecimento suficiente para ser um ser racional, pensar por si, ouvindo os outros mas ter autonomia suficiente para pensar moralmente no que é certo ou errado. Dito ou não dito, feito ou não feito. Assim é a minha liberdade: actos e frases conscientes mas livres de qualquer censura ou medo do que é dito ou omitido. Uma pessoa livre, poderá exercer esse direito (e dever!) com a maior clareza se conhecer e tiver consciência da sua liberdade.

A liberdade é poder andar à solta, correr, saltar, dançar, quando nos apetecer... sempre com muita consciência e racionalidade. Escrever, falar e comentar com responsabilidade e consciência dos nossos actos. Amo a liberdade mesmo nunca ter vivido num estado dito "não livre". Mas, nem sempre aquilo que parece, o é de facto. E isso preocupa-me.

Saber que há muitas, demasiadas, pessoas que não dizem o que lhes vai no coração, com medo das represálias. Não se querem meter em problemas, medo de perder o emprego, os amigos e conhecidos, os vizinhos e quem não conhecem. Medo de manifestar as injustiças que alastram a cada esquina. Medo de gritar o que vai mal e merecia estar melhor.

Liberdade faz-me lembrar Abril. Cravos vermelhos. Revolta e crença na possibilidade de um mundo, país, povo melhor. Nas oportunidades acrescidas para todos, na igualdade, na máxima francesa de igualdade/liberdade/fraternidade. Valores há muito esquecidos ou simplesmente, ignorados! Salgueiro Maia, o meu herói no meio de tantos outros.

E ontem, voltei a ter esperança de sentir uma liberdade verdadeira e consciente. Liberdade de agir e falar, mas sobretudo de ouvir. Mas é preciso que ela renasça, primeiros nos nossos corações, e depois na nossa realidade. E hoje vou rezar para que isso aconteça verdadeiramente!

"Amo a Liberdade, por isso...
Deixo as coisas que amo livres
Se elas voltarem é porque as conquistei...
Se não voltarem é porque nunca as possui."
(John Lennon)

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