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Número 955, o último

Inês Serra Lopes, a directora do Independente anunciou ontem à redacção que amanhã irá sair o último número deste semanário. Ao que a imprensa noticia, a manutenção do jornal estava dependente da venda do título. Desde Janeiro que a aquisição estava a ser estudada pelo empresário Alberto Rosário (antigo administrador da Lusomundo e com ligações ao grupo Cofina) e aguardava-se a concretização do negócio. Mas parece que as negociações não foram avante e a decisão de fechar estaria dependente de um novo investidor. Como ele não surgiu, não restou mais nenhuma hipótese a Inês Serra Lopes que também detem 20% do jornal.

A redacção é composta por 25 pessoas que preferiram não prestar declarações, tal como a sua directora. Para o último número estão a ser recuperadas as primeiras páginas e notícias mais relevantes que marcaram a história do semanário. Vários responsaveis pelo semanário já lamentaram o sucedido, à excepção de Paulo Portas que ainda não proferiu declarações.

Parafraseando o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alfredo Maia, acho lamentável esta perda. Apesar de não gostar do jornal e de apenas o ter comprado nas bancas quando algo muito apelativo estava na capa, não posso deixar de achar um desperdício a perda de um jornal com as características do Independente. Não era um mau semanário, talvez um pouco sensacionalista e demasiado virado para uma facção política, mas isto também não é (um título) sensacionalista?
Mas na verdade, o que está aqui em causa é a perda nas bancas de uma pluralidade importantíssima para a democracia. O jornal era como era e não tinha vergonha disso, pelo contrário, e nós leitores apenas tinhamos de estar conscientes dessa realidade quando o compravamos. Agora com o advir do Sol as coisas poderão ficar mais equilibradas, mas temo que este novo semanário seja um irmão gémeo do Expresso. E se o for não ficamos a ganhar muito.

O jornal já existe desde 1988 e Miguel Esteves Cardoso foi o seu primeiro director. Na altura tinha como grande rival o Expresso de Francisco Pinto Balsemão, que também era um jornal de fim-de-semana. O seu momento mais alto ocorreu durante as duas maiorias absolutas do tempo de Cavaco Silva, em que Paulo Portas era director. Era conhecido pela exposição detalhada que fazia de vidas de algumas figuras ligadas à política, o que lhe custou dezenas de processos (alguns ainda não concluídos) em tribunal por difamação e invasão da vida privada. Inês Serra Lopes comprou o jornal em 1999, e desde aí que é a sua directora.

Este é outro dos casos que vem provar como a imprensa está em crise no nosso país. Sobretudo alguns jornais diários: o Público está a preparar uma remodelação (bem precisa) com a saída do seu director "dinossauro", O Diário de Notícias vende cada vez menos, o Expresso também já perdeu muitos leitores sobretudo com a saída do seu director para o outro semanário que irá surgir, etc. etc. etc. Talvez seja necessário mudar alguma coisa. As pessoas andam com menos dinheiro, e consequentemente compram menos jornais, mas essa não é a única explicação para esta quebra nas vendas diárias de jornais (de toda a espécie). A Internet coloca ao nosso dispor as edições online (em alguns sites mais notícias que outros), mas quando algo nos interessa preferimos comprar o jornal a ler no computador. Estas não podem ser as únicas razões da quebra das vendas...

E se experimentassemos dar mais relevância às fotografias, e diminuissemos os corpos de algumas notícias? E se ao invés de publicarmos 5/6 reportagens por edição, se apenas publicassemos 2 mas com destaque merecido e com fotos apelativas? Para além de que podia ser interessante "pedir ajuda" aos leitores, pedindo-lhes que enviassem para os jornais algumas fotografias, ou alguns textos que acrescentassem algo de novo e de merecido destaque. Até podiam haver prémios, um mês grátis do Jornal X por exemplo. São apenas ideias, muitas delas já estão a ser feitas nos jornais: o DN tem uma rubrica para onde as pessoas podem mandar fotografias das férias, e a Visão tem online, uma página para onde se podem mandar textos referentes a determinados assuntos... obviamente que há uma escolha... mas quem manda espera que o seu trabalho seja escolhido, e até o ser, ou não, vai comprar sempre o jornal). Escrever notícias mais pequenas, semelhantes às das agências, é algo que já está a ser experienciado lá fora e com bons resultados. Isto porque as pessoas hoje em dia não tem tempo para ler de extremo a extremo, um jornal de 50 páginas. São mudanças que julgo que irão ocorrer mais ano menos ano nos jornais, porque é isso que os leitores pedem, e porque é isso que a vida diária nos exige.

Comentários

A disse…
as mudanças necessárias são as seguintes:

mais noticias sobre futebol, em particular o benfica. ai a tiragem subia logo para 6 milhões :p

mais noticias sobre gente morta em portugal, se necessário inventa-se.

mais noticias de famosos.

mais escândalos.

as noticias com pouco interesse (politica, economia, sociedade (que não fale de famosos ou de gente morta) passava para um suplemento semanal.
A disse…
no final sobreviverão apenas a bola, o record, o jogo e o 24 horas. é apenas uma questão de tempo!
Mooncry disse…
Esqueceste-te do Correio da Manhã, esse grande diário com a maior tiragem do nosso país!
E infelizmente tens razão...

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