E quando se chega ao fundo de um
caminho que sempre evitamos? Num percurso cheio de dúvidas, pedras aguçadas,
pensamentos menos positivos, desconfianças, perda de amor-próprio, lágrimas e
algum desespero. Evitamos ao longo da nossa vida percorrer esta estrada. Desviamo-nos
amiúde, saltamos para outro caminho quando os dias assim nos permitem mas a dada
altura não há hipótese de escapar, já caminhamos há muito por este caminho sem
percebermos a sua perigosidade e agora não dá para recuar.
Sorrir não é fácil. Chove lá fora. O
silêncio que os ouvidos não querem ouvir impera. O turbilhão do falatório sem importância
ecoa na cabeça que prefere não pensar. Como sair daqui? Preciso sair daqui.
Respirar. Ser feliz. Ter noção do que é viver, aprender, crescer e ser feliz.
Dedicar-me de corpo e alma ao que mais quero fazer e não mo permitem neste
local que não clama por mim. Dos que o habitam e não respondem às minhas
expetativas. Do ar que me expulsa de cada sala que existe. Dos passos de
desconhecidos que passam como esqueletos sem som. Cansaço é o que me resta.
Muito cansaço.
Devia, há uns anos atrás, ter
decidido ir pelo caminho dos sonhos, seguido o meu coração e deixar a
racionalidade a um canto. Deixá-la simplesmente para trás, esquecida, como quem
se desvia de um caminho apenas porque o coração assim o ordena. Devia, pois
devia Mas não o fiz, não fui suficientemente corajosa para tal e agora
parece-me tudo tão longínquo que as esperanças esmorecem cada vez mais. É preciso acordá-las,
respirar-lhes para os pulmões, sorrir-lhes com um olhar de futuro e esperança. Sonhar.
Será que voltará a nascer um dia
quente de um sol mágico, os pássaros a rodeá-lo e a cantarem músicas coloridas
e com um aroma a esperança no ar. Como mudo para este caminho? O meu coração
apenas quer voltar a sorrir com candura e inocência.
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