Quase que já passaram 40 anos desde um dia em que, irmãos portugueses bravos e com esperança, quiseram mudar o mundo. Ou o nosso mundo. Apareceram de armas em punho, mentes pacíficas e sonhadoras, a acreditar que era possível lutar por uma vida melhor. Uma realidade onde a liberdade, igualdade e democracia fossem os baluartes de todos os minutos e segundos da nossa existência.
Hoje parece-me um sonho. Um sonho deles, concretizado há quatro décadas, e que não soubemos interpretar. Jorge de Sena disse um dia, "nao quero morrer sem ver a cor da liberdade" mas temo que tenha de continuar a viver com um cinzento a espelhar aquilo a que chamam liberdade.
Porque liberdade não é libertinagem, nem egoísmo, individualismo. Liberdade é união, mãos dadas, objetivos comuns e luta incessante de todos pelos mesmos. Estou a pagar uma crise, pela qual julgo não ter contribuído. Mas estou a pagá-la de uma forma civilizada, mesmo participando em lutas nas ruas mostrando o meu descontentamento. A minha falta de esperança, cada vez mais calada e com os sonhos mais longínquos do que nunca. Sem saber o que fazer à minha vida que já conta 33 anos.
Felizmente trabalho, algo que nem todos se podem vangloriar neste momento e neste país. Mas não consigo vislumbrar um horizonte que me faça feliz, que me permita sonhar e lutar por aquilo que sempre ambicionei. Sinto que apenas estou a sobreviver e não a viver porque não posso sonhar, evoluir, construir algo. A minha realidade, sei que bem melhor do que muitas outras, não mo permite.
Olho para o meu país e nem sempre vejo aquilo que gostaria. Gostava de encontrar conterrâneos a acreditar que é possível, que podemos ainda ser felizes, construir um mundo melhor para nós, os nossos filhos, os nossos pais, os nossos amigos, os nossos vizinhos e conhecidos. Para todos aqueles que vivem neste país que não tem consciência das riquezas que guarda dentro de si.
O futebol interessa a todos, unem-se e choram e riem em uníssono, os festivais de verão estão coloridos com jovens e adolescentes e adultos a divertir-se mas há um outro mundo que não vibra dessa forma. Há centenas e milhares de portugueses em dificuldades, uns com fome, outros sem dinheiro para medicamentos, uns sozinhos e sem sorrisos, largados no meio desta terra. E nós, os outros que julgam que não estão sozinhos, esquecemo-nos deles, da sua realidade. Da sua tristeza. Não vem retratado nos media, não leio sobre isso, não vejo imagens dos mais desafortunados, e assim é como se eles não existissem.
Uma pessoa muito próxima há um par de anos que me dita que os media têm muita culpa do que se passa porque não mostram toda a realidade e apenas a que lhes interessa, e infelizmente, apesar de nunca o ter admitido verbalmente, essa é a verdade. Quantas capas de jornais não apareceram com o Ronaldo e a sua bota de ouro? E quantas capas surgem com as milhares de histórias menos felizes espalhadas por este país fora? Não precisávamos de ir muito longe... há histórias péssimas mesmo ao nosso lado. Mesmo assim continuam sem aparecer. E tão agitados andamos com a nossa vida, com merdas que não interessam nada mas que parecem sobejamente importantes para nós, que nos esquecemos dos menos afortunados mal lhes viramos as costas. Individualistas no pensar e no sentir e no agir que nos tornámos. Não foi isso que se sonhou em abril de 1974. Não foi para isso que muitos não se importavam de morrer em abril.
Como Luther King hoje também tenho um sonho. Um meu, ser feliz. Outro para o meu país, ser mais justo, distribuir liberdade e responsabilidades e permitir que todos nós possamos sonhar e lutar pelos nossos sorrisos mais puros.
Quero continuar a ter um trabalho e também um emprego. Quero desafios, crescer, poder dar trambolhões, dormir menos horas porque tenho um trabalho importante para terminar que me dá um gozo do caraças. Sonhar e lutar por algo que sempre quis.
Hoje tenho um sonho. Quero continuar a acreditar nele. Quero revitalizar esta liberdade de que tantos falam e poucos sabem o significado. Quero uma nova cor para a liberdade, um novo rumo. Um rumo feito pelo povo e para o povo.
Hoje parece-me um sonho. Um sonho deles, concretizado há quatro décadas, e que não soubemos interpretar. Jorge de Sena disse um dia, "nao quero morrer sem ver a cor da liberdade" mas temo que tenha de continuar a viver com um cinzento a espelhar aquilo a que chamam liberdade.
Porque liberdade não é libertinagem, nem egoísmo, individualismo. Liberdade é união, mãos dadas, objetivos comuns e luta incessante de todos pelos mesmos. Estou a pagar uma crise, pela qual julgo não ter contribuído. Mas estou a pagá-la de uma forma civilizada, mesmo participando em lutas nas ruas mostrando o meu descontentamento. A minha falta de esperança, cada vez mais calada e com os sonhos mais longínquos do que nunca. Sem saber o que fazer à minha vida que já conta 33 anos.
Felizmente trabalho, algo que nem todos se podem vangloriar neste momento e neste país. Mas não consigo vislumbrar um horizonte que me faça feliz, que me permita sonhar e lutar por aquilo que sempre ambicionei. Sinto que apenas estou a sobreviver e não a viver porque não posso sonhar, evoluir, construir algo. A minha realidade, sei que bem melhor do que muitas outras, não mo permite.
Olho para o meu país e nem sempre vejo aquilo que gostaria. Gostava de encontrar conterrâneos a acreditar que é possível, que podemos ainda ser felizes, construir um mundo melhor para nós, os nossos filhos, os nossos pais, os nossos amigos, os nossos vizinhos e conhecidos. Para todos aqueles que vivem neste país que não tem consciência das riquezas que guarda dentro de si.
O futebol interessa a todos, unem-se e choram e riem em uníssono, os festivais de verão estão coloridos com jovens e adolescentes e adultos a divertir-se mas há um outro mundo que não vibra dessa forma. Há centenas e milhares de portugueses em dificuldades, uns com fome, outros sem dinheiro para medicamentos, uns sozinhos e sem sorrisos, largados no meio desta terra. E nós, os outros que julgam que não estão sozinhos, esquecemo-nos deles, da sua realidade. Da sua tristeza. Não vem retratado nos media, não leio sobre isso, não vejo imagens dos mais desafortunados, e assim é como se eles não existissem.
Uma pessoa muito próxima há um par de anos que me dita que os media têm muita culpa do que se passa porque não mostram toda a realidade e apenas a que lhes interessa, e infelizmente, apesar de nunca o ter admitido verbalmente, essa é a verdade. Quantas capas de jornais não apareceram com o Ronaldo e a sua bota de ouro? E quantas capas surgem com as milhares de histórias menos felizes espalhadas por este país fora? Não precisávamos de ir muito longe... há histórias péssimas mesmo ao nosso lado. Mesmo assim continuam sem aparecer. E tão agitados andamos com a nossa vida, com merdas que não interessam nada mas que parecem sobejamente importantes para nós, que nos esquecemos dos menos afortunados mal lhes viramos as costas. Individualistas no pensar e no sentir e no agir que nos tornámos. Não foi isso que se sonhou em abril de 1974. Não foi para isso que muitos não se importavam de morrer em abril.
Como Luther King hoje também tenho um sonho. Um meu, ser feliz. Outro para o meu país, ser mais justo, distribuir liberdade e responsabilidades e permitir que todos nós possamos sonhar e lutar pelos nossos sorrisos mais puros.
Quero continuar a ter um trabalho e também um emprego. Quero desafios, crescer, poder dar trambolhões, dormir menos horas porque tenho um trabalho importante para terminar que me dá um gozo do caraças. Sonhar e lutar por algo que sempre quis.
Hoje tenho um sonho. Quero continuar a acreditar nele. Quero revitalizar esta liberdade de que tantos falam e poucos sabem o significado. Quero uma nova cor para a liberdade, um novo rumo. Um rumo feito pelo povo e para o povo.
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