Solidariedade. Viver a pensar em nós e, em simultâneo, nos outros. Viver em função dos que nos rodeiam e das suas necessidades, festejar as suas alegrias, limpar as lágrimas de dor e chorá-las. Cresci e fui educada desta forma que, atualmente, pode parecer estranha a muitos. Para mim continua a fazer sentido e cada vez mais. Por vezes, durante uns largos minutos, há sentimentos de tristeza quando damos e nada recebemos senão um virar de costas, mas depois sinto o coração, a alma e a consciência a gritarem comigo e a fazerem-me perceber que tudo o que fiz devia tê-lo feito mesmo não recebendo nada em troca. Acabam por ser as ações mais valiosas, ou aquelas que nos marcam e nos fazem perceber o quão diferentes somos, para o bem e para o mal.
Hoje li uma história, num daqueles momentos no trabalho em que precisamos todos de respirar outro ar, e que me fez voltar a escrever aqui e a não guardar os pensamentos apenas na cabeça. Era uma história antiga mas nunca a tinha ouvido, e são histórias destas que devem ser badaladas diariamente e com a maior das intensidades. São exemplos e dos bons! Daqueles que merecem ser seguidos com unhas e dentes ou o mundo irá tornar-se cada vez mais um local egoísta, solitário e frio.
Era uma vez um senhor que participou na 2.ª Guerra Mundial onde perdeu a sua audição mas talvez aí tenha percebido o significado de outras coisas. Todos os dias Dobri Dobrov caminha 20 km do local onde vive até Sofia na Bulgária, com indumentárias que ele próprio faz, parecendo aquilo a que nós chamamos um sem-abrigo. E até o podia ser, mas sem-abrigo no coração e na mente ele não é, bem pelo contrário. Toda esta jornada diária é feita por Dobri Dobrov para passar o dia na cidade mais rica da Bulgária a pedir dinheiro. Para ele, quando sobrevive com uma paupérrima pensão do Estado? Não. Juntou 40 mil euros e doou-os (que pessoa pobre e a viver em condições miseráveis faz doações? Não conheço mas espero que existam mais exemplos por este mundo) a igrejas e orfanatos. Provavelmente pensou e percebeu que haviam mais pobres naquele país, pessoas, jovens e crianças com um futuro pela frente e que necessitavam bem mais daquele dinheiro do que ele. O padre a quem ele doou o dinheiro, admitindo que já pediu inúmeras vezes ajuda monetária a políticos e empresários mas sem sucesso, explicou que Dobri Dobrov se tornou no maior doador. E o que ganhou Dobri Dobrov com esta grande doação de 40 mil euros? Nada! Apenas um sorriso no coração, amor às toneladas na alma, e um agradecimento total de todos aqueles que ajudou e continuará a ajudar. Porque a jornada dos 20 km diários não acaba por aqui e este senhor de cabelo e barba grisalha está quase a completar um século de existência mas mesmo assim persiste na luta pela caridade. Não sei se o Papa conhece esta realidade e este senhor mas ficava-lhe bem fazer uma homenagem a um Homem como este. Um exemplo para todos!
Obrigado Dobri Dobrov!
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