Hoje é o dia 11 de setembro. Passaram 11 anos desde a terrível tragédia que assolou a América e transformou o mundo num local de medo e morte. O mundo, essa coisa gigantesca! Em Portugal, um pequeno país ao lado do oceano Atlântico passa hoje por momentos revoltantes, em nome de um deficit, de pouca esperança, de medidas de empobrecimento de todos ou quase todos.
Em simples palavras, Portugal como um qualquer cidadão necessitou de pedir dinheiro emprestado há cerca de um ano e uns meses, para conseguir subsistir. Os portugueses ficaram assustados mas ainda acreditaram que seria possível ultrapassar este mau momento. Todos temos maus momentos, e também os países e os que os governam passam por eles. Mas o problema não é assim tão complicado que a generalidade dos portugueses não tenham ainda entendido da forma mais simplista: necessitamos de pagar a dívida mas para isso precisamos de colocar a economia a andar, prestar apoio a empresas em risco de falência não aumentando o desemprego, criar empregos com medidas apelativas, deixar que as pessoas continuem a pagar as suas dívidas (a casa, o carro, a escola dos miúdos) e a construir uma vida. Ninguém quer desistir, mas muitos já o fizeram emigrando para outro país em busca de melhores oportunidades, de uma vida mais sustentável e de forma a amealhar algo para depois voltar ao país que não lhes deu condições para viver.
Viver era a minha palavra de ordem há uns tempos atrás, que entretanto foi substituída por outra menos valiosa: sobreviver. Trabalho fora da minha área de residência o que me obriga a ter de pagar casa (se tivesse em casa dos meus pais era tudo muito mais fácil), e ao longo de três anos adoptei duas gatas órfãs, a que se somou a terceira há cerca de 3 meses, que já fazem parte da minha família e das quais não quero e nem vou prescindir por muito que me custe. Poderia estar muito melhor se vivesse num quarto alugado ao invés de um apartamento, ou poderia até dividir um apartamento com alguém que suportasse ter animais em casa que acabam por não fazer asneiras mas que sujam sempre mais do que se não ocupassem um determinado lugar.
Além de sobreviver há outra palavra que ecoa na minha cabeça a cada dia que passa: fúria! Fúria por todos os sacrifícios que me são impostos quando trabalho arduamente no que gosto de fazer, mesmo com todos os sacrifícios. Não desperdiço nenhuma oportunidade para trabalhar e espero, ou esperava assim, construir o meu futuro. Agora tenho muitas dúvidas se tenho futuro, se existe um amanhã para além do hoje, se poderei um dia pensar em ter filhos, constituir uma família, ter ou pagar uma casa. Cumprir alguns dos meus sonhos que passam por pouco, uma semana no Gerês, recuperar a casa da quinta dos meus avós, constituir família, ter um cantinho para mim, proporcionar uma vida feliz aos meus pais que passa pela não-preocupação com a filha, ajudar os meus sobrinhos a ter um futuro risonho mesmo com a inércia que me é imposta. São coisas simples, julgo que não ambiciono nada que não seja plausível para qualquer ser humano com 31 anos.
Hoje não acredito que consiga nada disto. Nem amanhã nem depois nem nos próximos tempos. Talvez apenas com uma hipótese, que nunca coloquei e que sempre critiquei nos meus amigos: emigrar! Só de ouvir a palavra sinto os meus pais a estremecer como é natural, só de pensar na palavra imagino-me a deixar de fazer parte da vida de dezenas de pessoas que adoro. É uma decisão séria e que merece muito calculismo, mas é a minha única saída neste momento se quero viver e não continuar a sobreviver numa vida sem um futuro mais risonho.
Gostava de acordar amanhã com uma boa notícia, de que estes últimos dias tinham sido apenas um pesadelo para mim e para todos os portugueses. Que não passava de uma piada e que as verdadeiras medidas do orçamento de estado era o corte da despesa pública, impostos mais elevados para quem tem mais rendimentos, entre muitas outras medidas necessárias e plausíveis. Esperava que houvesse uma parceria entre todos nós, portugueses, que aqueles que estão a receber subsídios lutassem até ao tutano para não mais os receber, não prejudicando os outros, lutando diariamente por arranjar um qualquer emprego.
Estou triste, muito deprimida com o estado a que isto chegou. No meu próximo aniversário tenho a certeza de que faltará mais amigos que estão lá fora, como este ano já faltou. E no ano seguinte outros, ou talvez eu própria tenha de abandonar o país que tanto adoro e que os meus pais, os meus avós e trisavós tanto lutaram para o construir. Sinto-me em desespero e nunca pensei em chegar a este estado de sentimentos.
Em simples palavras, Portugal como um qualquer cidadão necessitou de pedir dinheiro emprestado há cerca de um ano e uns meses, para conseguir subsistir. Os portugueses ficaram assustados mas ainda acreditaram que seria possível ultrapassar este mau momento. Todos temos maus momentos, e também os países e os que os governam passam por eles. Mas o problema não é assim tão complicado que a generalidade dos portugueses não tenham ainda entendido da forma mais simplista: necessitamos de pagar a dívida mas para isso precisamos de colocar a economia a andar, prestar apoio a empresas em risco de falência não aumentando o desemprego, criar empregos com medidas apelativas, deixar que as pessoas continuem a pagar as suas dívidas (a casa, o carro, a escola dos miúdos) e a construir uma vida. Ninguém quer desistir, mas muitos já o fizeram emigrando para outro país em busca de melhores oportunidades, de uma vida mais sustentável e de forma a amealhar algo para depois voltar ao país que não lhes deu condições para viver.
Viver era a minha palavra de ordem há uns tempos atrás, que entretanto foi substituída por outra menos valiosa: sobreviver. Trabalho fora da minha área de residência o que me obriga a ter de pagar casa (se tivesse em casa dos meus pais era tudo muito mais fácil), e ao longo de três anos adoptei duas gatas órfãs, a que se somou a terceira há cerca de 3 meses, que já fazem parte da minha família e das quais não quero e nem vou prescindir por muito que me custe. Poderia estar muito melhor se vivesse num quarto alugado ao invés de um apartamento, ou poderia até dividir um apartamento com alguém que suportasse ter animais em casa que acabam por não fazer asneiras mas que sujam sempre mais do que se não ocupassem um determinado lugar.
Além de sobreviver há outra palavra que ecoa na minha cabeça a cada dia que passa: fúria! Fúria por todos os sacrifícios que me são impostos quando trabalho arduamente no que gosto de fazer, mesmo com todos os sacrifícios. Não desperdiço nenhuma oportunidade para trabalhar e espero, ou esperava assim, construir o meu futuro. Agora tenho muitas dúvidas se tenho futuro, se existe um amanhã para além do hoje, se poderei um dia pensar em ter filhos, constituir uma família, ter ou pagar uma casa. Cumprir alguns dos meus sonhos que passam por pouco, uma semana no Gerês, recuperar a casa da quinta dos meus avós, constituir família, ter um cantinho para mim, proporcionar uma vida feliz aos meus pais que passa pela não-preocupação com a filha, ajudar os meus sobrinhos a ter um futuro risonho mesmo com a inércia que me é imposta. São coisas simples, julgo que não ambiciono nada que não seja plausível para qualquer ser humano com 31 anos.
Hoje não acredito que consiga nada disto. Nem amanhã nem depois nem nos próximos tempos. Talvez apenas com uma hipótese, que nunca coloquei e que sempre critiquei nos meus amigos: emigrar! Só de ouvir a palavra sinto os meus pais a estremecer como é natural, só de pensar na palavra imagino-me a deixar de fazer parte da vida de dezenas de pessoas que adoro. É uma decisão séria e que merece muito calculismo, mas é a minha única saída neste momento se quero viver e não continuar a sobreviver numa vida sem um futuro mais risonho.
Gostava de acordar amanhã com uma boa notícia, de que estes últimos dias tinham sido apenas um pesadelo para mim e para todos os portugueses. Que não passava de uma piada e que as verdadeiras medidas do orçamento de estado era o corte da despesa pública, impostos mais elevados para quem tem mais rendimentos, entre muitas outras medidas necessárias e plausíveis. Esperava que houvesse uma parceria entre todos nós, portugueses, que aqueles que estão a receber subsídios lutassem até ao tutano para não mais os receber, não prejudicando os outros, lutando diariamente por arranjar um qualquer emprego.
Estou triste, muito deprimida com o estado a que isto chegou. No meu próximo aniversário tenho a certeza de que faltará mais amigos que estão lá fora, como este ano já faltou. E no ano seguinte outros, ou talvez eu própria tenha de abandonar o país que tanto adoro e que os meus pais, os meus avós e trisavós tanto lutaram para o construir. Sinto-me em desespero e nunca pensei em chegar a este estado de sentimentos.
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