Já vai tarde. Já poderia ter publicado tudo o que me foi na alma, o que senti há mais de um mês mas julgo que tive de o digerir. Neste momento posso afirmar que aquele simples mas notório dia modificou-me. Não fisicamente mas na alma, no centro da mesma. Já não tenho medo porque esse morreu há anos atrás como ditava um cartaz que não me sai da memória.
De máquina fotográfica em punho, cartão na bolsa da mesma não fosse a polícia aparecer e não identificar quem ali estava para perceber em primeira mão o que se passsava, andei durante uma tarde com chuva e sol à mistura com umas boas centenas de desconhecidos. E senti-me em casa, plenamente acompanhada nas minhas crenças. Falo do dia 25 de abril de 2012, da manifestação pela re-ocupação da Escola da Fontinha no Porto, um espaço devoluto entretanto ocupado por jovens e outros menos jovens que pretendiam ali ensinar cultura nas suas diversas formas, educar crianças, ensinar-lhes o que não aprendem nas escolas e nas ruas. Num espaço onde os problemas sociais abundam e onde o espaço, anteriormente uma escola, estava abandonado mas que dias antes servia de palco para ensinamento, partilha de saberes. Por motivos ainda não explicitamente dados, a Câmara Municipal do Porto resolveu fechar o espaço de forma a ser impossível entrar no mesmo, justificam eles por não pagarem uma renda diminuta mas cujo contrato terminava no início deste verão, sem justificações.
Antes da manifestação deste dia muitas notícias surgiram nos diversos meios de comunicação. Factos que me deixaram na dúvida relativamente à sua veracidade. Num feriado resolvi ir ver com os meus próprios olhos, eu que nem sabia onde ficava a Fontinha, mas fui atrás, ao lado, à frente ou por onde calhava, dos outros com um objetivo: provar que o medo já era, que unidos podemos fazer uma mudança. E, perante o meu olhar, os discursos que travei com muitos que me acompanharam ou que eu acompanhei, descobri a verdade não noticiada. A Fontinha era um projeto viável, tão viável e tão pujante que não o deixaram andar para a frente, talvez por eles terem medo. Eles, os grandes, os que têm o poder. As gentes da Fontinha gostavam do projeto, os que faziam parte do projeto muitos nem eram da Fontinha mas agregraram-se à ideia. No dia 26 de abril, a polícia a mando da Câmara Municipal do Porto voltou à Fontinha para encerrar o projeto de vez e terminar com um sonho. Nunca mais se ouviu falar da Fontinha mas ela ainda ecoa na minha cabeça, como o medo que já foi, era do passado. O tempo não me permitiu ainda voltar à Fontinha e ver com os meus olhos, falar com os habitantes, o que se passou entretanto na Fontinha e que possivelmente não tenha sido noticiado.
Um facto que merece ser noticiado: havia um fotógrafo do Jornal de Notícias na manifestação, conhecido pelos inúmeros prémios ganhos, mas nenhuma das imagens que recolheu foram publicadas. Apenas uma foi publicada no referido jornal e não era da sua autoria. Mas as imagens do dia 26 de abril, em que os polícias e a câmara entaiparam definitivamente uma escola de saberes apareceram, eram mais de duas ou três, muitas, demasiadas talvez. Não quero dizer mais sobre isto, basta-me saber que vi ao vivo e não vi no dito jornal, e nem quero pensar porque não vi mais. Deixo algumas imagens para que talvez consigam perceber a Fontinha, a gente da Fontinha, o caminho até à Fontinha. As conversas tidas, essas, ficarão para sempre no meu íntimo mas garanto-vos, para quem julgue que eram apenas drogados e anarquistas que por ali andavam, havia uma professora que dava aulas sem remuneração na Fontinha, além do trabalho habitual na escola onde leciona.
Na Fontinha as pessoas dizem olá aos desconhecidos, pegam num telemóvel deixado cair por alguém e perguntam de quem é, perguntam se está tudo bem quando por lapso partem um vidro quase para cima de alguém ao tentar derrubar o que impedia a entrada na Fontinha, abraçam desconhecidos com a felicidade de momentos de que a escola ainda é deles. Gosto da Fontinha mas temo por ela, e por todos nós.
De máquina fotográfica em punho, cartão na bolsa da mesma não fosse a polícia aparecer e não identificar quem ali estava para perceber em primeira mão o que se passsava, andei durante uma tarde com chuva e sol à mistura com umas boas centenas de desconhecidos. E senti-me em casa, plenamente acompanhada nas minhas crenças. Falo do dia 25 de abril de 2012, da manifestação pela re-ocupação da Escola da Fontinha no Porto, um espaço devoluto entretanto ocupado por jovens e outros menos jovens que pretendiam ali ensinar cultura nas suas diversas formas, educar crianças, ensinar-lhes o que não aprendem nas escolas e nas ruas. Num espaço onde os problemas sociais abundam e onde o espaço, anteriormente uma escola, estava abandonado mas que dias antes servia de palco para ensinamento, partilha de saberes. Por motivos ainda não explicitamente dados, a Câmara Municipal do Porto resolveu fechar o espaço de forma a ser impossível entrar no mesmo, justificam eles por não pagarem uma renda diminuta mas cujo contrato terminava no início deste verão, sem justificações.
Antes da manifestação deste dia muitas notícias surgiram nos diversos meios de comunicação. Factos que me deixaram na dúvida relativamente à sua veracidade. Num feriado resolvi ir ver com os meus próprios olhos, eu que nem sabia onde ficava a Fontinha, mas fui atrás, ao lado, à frente ou por onde calhava, dos outros com um objetivo: provar que o medo já era, que unidos podemos fazer uma mudança. E, perante o meu olhar, os discursos que travei com muitos que me acompanharam ou que eu acompanhei, descobri a verdade não noticiada. A Fontinha era um projeto viável, tão viável e tão pujante que não o deixaram andar para a frente, talvez por eles terem medo. Eles, os grandes, os que têm o poder. As gentes da Fontinha gostavam do projeto, os que faziam parte do projeto muitos nem eram da Fontinha mas agregraram-se à ideia. No dia 26 de abril, a polícia a mando da Câmara Municipal do Porto voltou à Fontinha para encerrar o projeto de vez e terminar com um sonho. Nunca mais se ouviu falar da Fontinha mas ela ainda ecoa na minha cabeça, como o medo que já foi, era do passado. O tempo não me permitiu ainda voltar à Fontinha e ver com os meus olhos, falar com os habitantes, o que se passou entretanto na Fontinha e que possivelmente não tenha sido noticiado.
Um facto que merece ser noticiado: havia um fotógrafo do Jornal de Notícias na manifestação, conhecido pelos inúmeros prémios ganhos, mas nenhuma das imagens que recolheu foram publicadas. Apenas uma foi publicada no referido jornal e não era da sua autoria. Mas as imagens do dia 26 de abril, em que os polícias e a câmara entaiparam definitivamente uma escola de saberes apareceram, eram mais de duas ou três, muitas, demasiadas talvez. Não quero dizer mais sobre isto, basta-me saber que vi ao vivo e não vi no dito jornal, e nem quero pensar porque não vi mais. Deixo algumas imagens para que talvez consigam perceber a Fontinha, a gente da Fontinha, o caminho até à Fontinha. As conversas tidas, essas, ficarão para sempre no meu íntimo mas garanto-vos, para quem julgue que eram apenas drogados e anarquistas que por ali andavam, havia uma professora que dava aulas sem remuneração na Fontinha, além do trabalho habitual na escola onde leciona.
Na Fontinha as pessoas dizem olá aos desconhecidos, pegam num telemóvel deixado cair por alguém e perguntam de quem é, perguntam se está tudo bem quando por lapso partem um vidro quase para cima de alguém ao tentar derrubar o que impedia a entrada na Fontinha, abraçam desconhecidos com a felicidade de momentos de que a escola ainda é deles. Gosto da Fontinha mas temo por ela, e por todos nós.
Comentários