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A mostrar mensagens de janeiro, 2010

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Pois é, fiz anos a semana que passou. Já não sei se é bom ter um aniversário, é a primeira vez que me surgem dúvidas sérias em relação a isto. E desta vez cheguei à conclusão que não é bom, não fiquei mais feliz por isso. Envelheci, o peso das responsabilidades e do futuro parece que pesa mais nas costas, e não ganhei nada com isso de extraordinário (para além do bolo com uma "bela" imagem que os meus colegas de trabalho me presentearam). Tudo o resto ficou na mesma. Festas de anos já não faço, por outras razões, e sinceramente não estou com genica para sair hoje e ir comemorar algo de idiota. Combinar coisas com imensas pessoas, que só falam e estão comigo quando as convido. Para quem nunca saiu da sua cidade natal, fica um aviso: não tem de ser sempre os mesmos a convidar para sair. Quem tem de ir trabalhar para outro sítio também gosta de ser bem acolhido quando regressa. É só um conselho para quem o quiser ouvir. Hoje vou sair sozinha, não me engano a mim nem aos outros.

A Clarinha

Esta é a Clarinha. Morreu ontem. Leshmaniose. Apanhei-a à porta da minha faculdade num qualquer dia, dum qualquer ano, ao final da tarde depois de ter feito o meu último exame do ano. Estava a comer bolachas e ela veio ter comigo, dei-lhe uma e ela comeu-a velozmente como se não visse comida há séculos. Saquei da garrafa de água e dei-lhe pela minha mão. Lambeu até não haver mais. Estava magra, muito magra, anoréctica mesmo. Não me largou a partir daquele momento, à minha pessoa fisicamente e ao meu coração que se partiu ao ver um ser tão lindo abandonado à má sorte. Estava “perigosa”, tinha imensas carraças espalhadas pelo seu corpo ossudo, e pulgas que saltavam quando lhe mexia no pêlo. Mas não tive medo. Senti que o meu futuro estava dentro do futuro dela. E levei-a para casa. Quando cheguei o meu pai quase teve um ataque cardíaco. A regra era simples: só podíamos ter um cão, e o Pataco já existia na altura. Mas disse-lhe, sem medos, e com calma, que agora já não havia nada a fazer.