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Não há desemprego em Portugal

Sou uma felizarda, disso tenho a certeza. A vida não é perfeita mas faço parte do rol cada mais diminuto de licenciados que trabalham na sua área de formação. Adoro o que faço, e por isso, não me canso de o fazer. Mesmo trabalhando, por vezes, mais de oito horas diárias. É como estar apaixonada: nunca nos cansamos de estar com a nossa cara-metade, por mais turbulência que haja.

Mas muitos não possuem esta sorte e não encontram emprego nas suas áreas de formação. Mas que há empregos que não têm interessados, disso ninguém tem dúvidas. Os números falam por si: há 2.183 postos de trabalho disponíveis no sector da segurança e 46% ficam por preencher, 705 na área do apoio social e 25% ficam, na restauração há 50% de 1.513 postos de trabalho por preencher, na construção 49% de 971, na parte comercial 34% dos 918 postos, e na indústria alimentar 25% dos 393 postos de trabalho existentes. Ninguém, hoje em dia, quer ser carpinteiro, pedreiro, canalizador, electricista, mas a realidade é que estes são empregos com futuros porque estão em extinção. E se forem bem aproveitados (trabalho em part-time, aos fins-de-semana por conta própria) podem dar uns bons extras.

Em Outubro, segundo dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), chegaram mais de 11 mil postos de trabalho e apenas 6 mil foram preenchidos, pouco mais de metade. Provavelmente não eram bem remunerados, ou os horários de trabalho eram desfasados de uma vida familiar, ou haveria outros problemas, mas a realidade dita que existem estes postos de trabalho.

Um salário inferior ao valor do subsídio de desemprego é a primeira das regras que permitem recusar um emprego. E isto é legal. Mas há empregos que podem parecer ninharias mas que, no futuro, podem ser verdadeiras minas se forem bem aproveitados. A Panificação é um bom exemplo: começa-se por ganhar 500 euros, passa-se pelos 800 e chega-se aos 1.200 mensais. E aqui também não há desemprego. Os horários nocturnos são o mais chato, sobretudo quando há filhos ou uma vida familiar que necessita de ser alimentada. Mas um salário também alimenta uma vida, e sobretudo uma casa familiar.

Outra das conclusões do IEFP é que “onde há vagas deixadas pelos portugueses, são aproveitadas pelos imigrantes.” Afinal a ideia por mim, e outros, sempre defendida não é assim tão absurda: muitos imigrantes vêem fazer aquilo que os portugueses já não querem. Mas nem todos passam pelo mesmo, até porque o subsídio de desemprego está cada vez mais gratificante para quem não quer fazer nada. Mesmo quando se esgota esse subsídio há outro que pode ser requerido: um tal subsidio social de desemprego subsequente que atribui 419.22 euros mensais para quem tenha agregado familiar e 335.37 para quem não o tenha. Melhor não podia ser para os portugueses (muitos imigrantes não têm subsídio de desemprego porque, na maioria das vezes nem contrato possuem e por isso têm de trabalhar naquilo que aparece, mesmo super mal remunerado)! Já para não falar do Rendimento Mínimo que é dado ao desbarato, sem fiscalização ou coisa parecida.

Falo por mim: antes a lavar escadas, numa pastelaria, loja ou noutro sítio qualquer menos qualificante do que em casa, a “apodrecer”, a suspirar por uma proposta de emprego. Já lá estive uma vez, terminado o curso, mas felizmente tinha uma ocupação por via da realidade da altura: uma sobrinha de meses para cuidar.

E assim aumenta o défice, os impostos, e a nossa pobreza portuguesa. Desde pequena que oiço: não enriqueces se não produzires nada! E quem está em casa a receber subsídios, sejam de que espécie forem, não enriquecem Portugal, pelo contrário. Desculpem mas fica o desabafo.

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