Já ando há algum tempo para falar nisto mas o tempo nem sempre mo permite. Caso Freeport, dos Sobreiros, Casa Pia, dos CTT em Coimbra, e o mais actual Face Oculta, entre muitos, muitos outros. São casos e mais casos, e ainda mais casos de corrupção. Mais um pouco e somos semelhantes à Itália dos mafiosos, aliás, se já não somos estamos muito próximos. Os casos de corrupção aparecem, depois escondem-se, não há desenvolvimentos, os acusados esquivam-se por meandros não entendidos por quem não percebe exaustivamente a lei portuguesa. O José Sócrates parece, nada ainda está provado apesar das televisões assim o não ditarem, está envolvido em dois deles. Outros políticos têm outros processos em tribunal, mas nada ocorre, e nem se fala nisso. O Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados disse, e muito bem, algo tipo: "como podemos condenar o caso Face Oculta ou outros quando há presidentes da câmara corruptos, e com processos em tribunal, que são exaltados pelo povo e ganham eleições. E ninguém diz ou faz nada!" Melhor eu não teria dito!
Tenho um amigo que percebe de leis, e um dia disse-me que há poucos países na Europa que tenham um código penal tão completo como o nosso. O que é uma faca de dois gumes. Por um lado podemos acusar facilmente alguém, e ele é considerado culpado se não tiver um advogado com mais de dois neurónios. Mas quando eles têm o dobro dos neurónios ou possuem um escritório inteiro a trabalhar para um caso, os acusados saem incólumes. Não entendo! E como a injustiça é, de facto, algo que abomino, gostava que todos os advogados deste país não tivessem mais do que dois neurónios e escritórios a abarrotar de estagiários e advogados a trabalhar para um mesmo caso. Não sendo assim, os denominados "grandes" nunca são apanhados e os pequenos lixam-se sempre.
E deixem-se de tretas. Corrupção há em cada canto deste país. Até na minha aldeia, que deve ter uns 3.000 habitantes, a Junta de Freguesia faz falcatruas a torto e a direito. E todos sabem. E o antigo presidente, que já o é há um bom par de anos, voltou a ser eleito e ainda com mais votos. Portanto, o que posso depreender daqui é que gostamos de falcatruas, corrupções, dinheiro dado por debaixo da mesa. Essas coisas que a cada minuto deve acontecer num canto escuro deste Portugal. Ou bem iluminado mas com ceguinhos à volta, ou gente com Alzheimer. Sei lá. É uma idiotice, e acho que, ao invés, de andarem todos a apontar o dedo ao Armando Vara (que até já teve uma atitude de gente na sua demissão), ao José Sócrates, não se devem esquecer dos outros corruptos que povoam este país e nós deixamos e ainda aplaudimos. Só aplaudo, e pode parecer estranho por ele ser do PSD, a atitude do Rui Rio que fez, ele próprio, queixa de um engenheiro que não andava a fazer o seu trabalho como dita a lei! Aplausos para ele! E já agora, também gostaria de dizer que, apesar de não gostar muito dele, o Luís Filipe Menezes transformou Vila Nova de Gaia como ela não era antes, e por isso, também o aplaudo. Com corrupções ou não, desenvolveu bastante a cidade. E fez os passeios à beira-mar, tão agradáveis quando não está a chover...
As crianças na justiça existem?
Outro caso injusto nesta justiça portuguesa é o caso das crianças adoptadas ou colocadas em famílias de acolhimento. Num dia radioso de sol, ou chuvoso, são retiradas a quem as amou durante uns tempos, anos, muitos até, e entregues a pais que não quiseram ficar com elas quando mais precisavam. Eu tive sorte, e como eu outros também a tiveram, mas já contei que frequentei uma escola primária que tinha crianças que muitas vezes não tinham pequeno-almoço para tomar, e iam em jejum. Talvez tenha sido aí que tenha ficado tão picuinhas com estas coisas. Mas não entendo como é que uma mãe, e eu ainda não o fui, com duas mãos e dois braços e duas pernas e um coração presume-se, não tem capacidade para cuidar de uma criança. Se for alcoólica ou toxicodependente, de certeza que o amor que sente pela criança são uma boa justificação para deixar o vício. Se estiver desempregada, arranja emprego nem que seja a lavar escadas ou casas de banho. Pelo amor ao filho, apenas (?). Não entendo o que possa ser mais importante do que uma criança! E sei que há azares na vida, e ninguém está livre deles, mas também sei que depois do azar vem a sorte.
Primeiro foi aquele caso lastimoso do sargento, que era denominado pela Comunicação Social como um coitadinho, quando na verdade comprou a criança à mãe e durante sete anos nunca a entregou ao pai que tinha garantido a guarda da criança na justiça. A polícia dizia que não sabia onde ele estava e por isso, não lhe podia retirar a criança mas na verdade todos sabiam onde viviam. A história começou quando estava a estagiar no Jornal de Notícias e lembro-me bem quando contaram a veracidade dos factos, que não tem nada a ver com aquilo que passa na televisão e nos programas da Fátima Lopes. Pergunto-me agora, onde anda a criança? Está bem em termos de saúde mental? Compreende tudo o que se passa à volta dela? Ouvirá algumas bocas idiotas, mas próprias da idade, dos colegas de escola? Porque tudo isto a pode prejudicar para o resto da vida. E o sargento? Será que já voltou ao serviço ou está de baixa, a lacrimejar pelos cantos da casa? Nem sei como admitem pessoas assim na vida militar...mas isso já é outra história!
E a outra criança, russa, que a mãe levou para o seu país natal, com a permissão do juiz português, depois da criança passar anos com uma família de acolhimento. Esta última família de acolhimento já disse que não exigia ficar com a criança mas considera que não está bem na Rússia com uma mãe alcoólica e uma avó, que sabe-se lá se gosta ou não da neta. As imagens que vejo são apenas da pobre criança com um cão ou cadela, que a deve adorar. A cadela à criança e a criança à cadela porque, talvez, esta lhe dê algum amor e carinho (sim, os animais sabem dar mais amor e carinho que muitos humanos que por aí andam...). Um juiz russo diz não entender como foi possível o juiz português ter deixado ir a criança para a Rússia com a mãe, sem saber as condições em que iam viver. É ele e eu! Será que o juiz português tem a consciência tranquila neste momento, ou já nem sequer tem consciência? Agora parece que vão colocar a criança num orfanato russo, que como todos sabemos têm condições péssimas, das piores do mundo, durante uns meses e se nenhuma família russa requerer a criança, ela poderá voltar para Portugal para a família de acolhimento. E, como em todos os casos mediáticos, já apareceu o pai a reclamar que agora, agora sim que o caso apareceu nas televisões e ele assim também pode aparecer como o salvador da criancinha e ficar famoso e tal, quer adoptar a criança e tem condições para tal. A família de acolhimento já argumentou que ajuda o pai no que for necessário, para que esta pobre criança loura possa ter uma educação digna. Nem sei que mais dizer deste caso, apenas que me entristece imenso que coisas deste género ainda possam acontecer neste país que se diz pertencente à União Europeia, que cumpre os Direitos Humanos. Bla bla bla...
Não sei muitos pormenores, mas no infantário da minha sobrinha está um miúdo da idade dela que foi adoptado por um casal lá da aldeia. Andavam há imenso tempo para ter filhos, e entre abortos e tentativas frustradas, a idade a aumentar, decidiram-se pela adopção, e quando o adoptaram definitivamente, a mãe engravidou como que por milagre. Sem tratamentos e nada do género, e já nasceu e é lindo. Mas isto tudo para dizer que na festinha deles de Natal, o miúdo estava lá e foi a primeira vez que o vi, e não havia ali nenhuma relação mais afectuosa, íntima e intrínseca do que entre aquela criança e o pai. A mãe como estava mais ocupada com o bebé, que tinha uns mesitos, também devia ter uma relação semelhante mas não consegui perceber. Portanto, e o que concluo, é que as crianças não necessitam de sair do nosso ventre ou ter os nossos genes para serem amadas como se fossem nossos filhos, e por isso, devia-se dar mais uma oportunidade às adopções. Bem feitas, sem falcatruas pelo meio e compras, enfim, tudo o que se passou com o sargento e demais história. Fiquei muito feliz na festinha do infantário, de tal forma que fiquei com lágrimas nos olhos, quando vi o miúdo no palco aos saltos a dizer ao pai: "Estou aqui. Tira-me fotos. Anda cá dar-me um bejinho." Penso que todos os que lá estavam ficaram emocionados, pelo menos acho que nunca vou esquecer tudo o que vi para além das palavras daquela criança de quatro anos que escrevi anteriormente. Só queria que todas as crianças que tiveram pouca sorte no nascimento, pudessem ter a mesma sorte daquela criança. Pode ser destino?
P.S.: Grande testamento mas a merda daquela bola não entra na baliza devida. Já me estou a irritar!!! Raios! Só postes e faltas anuladas...
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