Não há dia que não pense na cerimónia. Não questiono em que dia do calendário calhará. Por receio, falta de coragem não perguntava à única pessoa que ainda me poderia informar. Porque já não sei o que dizer, porque só quero esquecer que isto alguma vez aconteceu, porque quero esquecer de que já não há quem entenda a minha linguagem. Porque estou cansada, e cada vez mais magoada da minha insignificância, das saudades que não batem no outro. E hoje, numa intensa pesquisa descobri que a cerimónia mais importante já decorreu, num fatídico fim-de-semana dia 24. E eu não sabia, e não fui, e não testemunhei aquilo que de mais importante gostava de presenciar. Porque não chorei lágrimas de felicidade pelo sorriso do outro. Porque já passou e agora já não tem importância. E eu, mais do que ninguém, sei que o tempo não volta para trás. Por mais que eu peça.
P.S.: E como, meses passados, tinhas razão em tudo aquilo que professavas. E como já não sei que palavras usar para me exprimir, e ninguém entender ou querer entender a minha linguagem. Talvez porque não existem pessoas iguais e substituíveis. Não existem mesmo, pelo pior dos meus pesadelos. E já não sei que mais fazer, sentir, pensar ou imaginar porque o tempo não volta para trás e não me posso redimir no que fiz. Irracionalidade estúpida.
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