Não sei. Tenho medo de amanhã e pena de ontem. Há muita coisa a ressoar na minha cabeça, cheia de instabilidade e medo. Medo de não voltar a ter o que tinha antes. Raiva por ter estragado tudo. Não acredito sequer que isto me possa estar a acontecer. Nunca pensei ser possível, e nem nunca imaginei sentir este vazio, este sentimento de oco em que nada ressoa. Em que por mais que tente, transparece até para os mais cegos. Nunca imaginei que sofrer, sentir saudades, ter medo, custasse assim tanto. Nunca pensei que a vida me pudesse ensinar uma lição tão grande. Que me desse uma razão tão válida para deixar algo, de que sempre gostei, e sempre disse que deixaria mas nunca deixei (e não falo de uma pessoa...). Nunca imaginei fazer uma promessa a mim própria como se fosse a última coisa que fizesse enquanto estivesse nesta vida.
Dói muito quando penso, mas não consigo deixar de pensar. Imaginar se será possível viver sem alguém tão importante, sem a nossa base, sem a pessoa a quem queremos contar tudo. Não, não é possível e quero gritar isso aos sete ventos, para que eles não mo tirem. E depois a quem vou contar os meus segredos e confidências? Quem me vai dar na cabeça sem dó nem piedade? Quem me vai dar conselhos racionais? Quem vai ser mais especial? Quem me dera que não fosse assim, mudar aquilo que sentimos, pensamos, e queremos que o seja. Gostava de ser mais forte e superar tudo como se nada tivesse acontecido, mas lamento, sou uma idiota de uma sentimentalista que gosta das pessoas, e não suporta quando as perde, ou está prestes a perdê-las. Que sente saudades e não consegue viver sem elas. Até por um cão sou capaz de andar cabisbaixa durante uns tempos, como não será se for uma pessoa.
Ontem durante a viagem de regresso - são sempre óptimas para pôr as ideias em ordem e pensar no que fazer, preparar-nos para aquilo que está pela frente, que nem sempre é fácil - pensei no que podia fazer se tudo voltasse ao normal. No que merecia o caso. E descobri. Arranjei uma justificação para deixar um hábito adquirido há muitos anos. Espero ansiosa e sem preocupações, apesar de saber que não será fácil. Não vai ser nada fácil, até porque o que está à minha volta não colabora com a minha necessidade de sorrir. Resta-me a esperança, afinal não dizem que a esperança é sempre a última a morrer? Sinto um nó tão grande dentro do peito, uma falta do tamanho de algo mesmo gigantesco, uma saudade indescritível, mas acredito que um dia hei-de habituar-me a tudo isto, e achar que a vida é vivida mesmo assim. Até um dia, daqui a muitos meses ou quem sabe anos, em que tudo pode e vai voltar ao normal. Paciência, esperar, tentar sorrir e não sentir...
P.S.: Não quero questões porque não terão respostas! Sinto-me com cada vez mais mau feitio, sem querer mas sendo inevitável...
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