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A formiga e as cigarras...

Odeio quando me engano. Quando tenho de mudar de opinião por alguma razão mais idiota. Odeio quando alguém me engana, e passo do gostar ao odiar. Porque se há uma mudança radical de opinião, o não-gostar deixa de ter sentido e entra em acção a parte do odiar.

Ontem ouvi o Gustavo Lima falar da falta de apoios monetários que a sua pessoa padece. Afinal, receber 1000 euros mensais para treinar não é um bom salário... Será que ele sabe que a grande maioria dos portugueses sonham com esta quantia todos os meses? Não Gustavo, não voltes à vela, esquece tudo o que te disse no post anterior. Enganei-me! Mesmo muito. As lágrimas saídas dos olhos masculinos cortam-me sempre o coração e a racionalidade esvai-se em segundos. Mas talvez quando eu e os demais à minha volta recebermos 1000 euros, estarmos isentos de pagar Segurança Social e IRS, não termos de recorrer aos recibos verdes, talvez aí eu te compreenda e desista de trabalhar naquilo que gosto porque... ganho pouco!

A desilusão da Naide Gomes caiu-nos na alma como uma gota fria de chuva. Nélson Évora é um bom atleta mas sempre pensei que no meio dos seus 24 anos, e com a primeira participação nos Jogos Olímpicos, não teria capacidade para uma concentração capaz de lhe permitir uma boa marca no salto para a areia. Enganei-me! Só eu sei como o meu coração bateu quando ele pediu ao público palmas, como se lhes pedisse para também acreditar. E acreditei naquele momento. Não me arrependi! Vamos finalmente ouvir o hino nacional em Pequim, e quem sabe, chorar uma ou outra lágrima de alegria e orgulho por este jovem atleta. Obrigado! (e por favor, cautela nas palavras, não me desiludas como o atleta mencionado acima...)

A revista Visão traz uma lista das piores frases dos nossos atletas considerados olímpicos. Achei que vale a pena transcrever para a prosperidade. Afinal, aprendemos e crescemos com os nossos erros:

"De manhã só é bom é na caminha. Pelo menos comigo."
Marco Fortes, lançador do peso, depois de ficar em 38.º lugar (entre 45 participantes) e a 2,08 metros do seu próprio recorde

"Agora vou de férias. Treinei para os 3000 metros obstáculos. Não vou aos 5000. As africanas são fortes. Não vale a pena lutar contra elas."
Jessica Augusto, eliminada nos 3000 metros obstáculos (mais tarde reconsiderou a sua participação nos 5000)

"Entrar neste estádio cheio bloqueou-me um pouco. Acabei a prova fresco, o que é estranho (...) Mas tem de se aprender com as contrariedades. Eu gosto de aprender. Foi bom ter apanhado aqui este banhozinho, esta tareiazinha, e agora ir para casa descansar."
Arnaldo Abrantes, 52.º nos 200 metros

"A única explicação é que, infelizmente, não sou muito dada a este tipo de competições. (...) Não consigo lidar muito bem com o facto de nestas provas fazermos só três lançamentos. Em Portugal há sempre seis."
Vânia Silva, lançadora do martelo que ficou a 9,42 metros do seu máximo e na 46.ª posição

"Lutei contra os árbitros."
Telma Monteiro, judoca, que perdeu dois combates e acabou no 9.º lugar

"Não me adaptei àquele lado do campo, onde havia um pouco de vento."
Marco Vasconcelos, jogador de badminton, ao ser eliminado na primeira partida, no pavilhão da Universidade de Tecnologia de Pequim

"A égua entrou em histeria com medo do ecrã."
Miguel Ralão Duarte, cavaleiro, 47.º classificado no hipismo

"Acho que muitos atletas não têm bem a noção da realidade e do que isto (Jogos Olímpicos) significa. Se calhar, têm facilidades a mais. Nunca na vida vinha para aqui viajar e ver os Jogos. (...) A alta competição não é uma brincadeira, não é fazer meia dúzia de provas, andar a receber uma bolsa e está feito. Isto é como um trabalho."
Veredicto de Vanessa Fernandes, vencedora de uma medalha de prata no triatlo

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