Sei que é sol de pouca dura mas fico feliz mesmo assim. O preço do barril de petróleo está a baixar, podendo desta forma melhorar ligeiramente a economia. Pelo menos estabilizá-la! Ao lermos os jornais, apercebemo-nos de que Portugal não é dos países europeus onde a crise se acentuou com maior gravidade. No aumento do preço dos combustíveis (em termos percentuais, claro!), no aumento do preço dos alimentos (os analistas acreditam que o elevado endividamento das famílias portugueses levou as grandes cadeias de hipermercados a não aumentarem os preços), nas greves (apenas os pescadores, por enquanto...) e na revolta social.
Não defendendo o estado social e económico em que Portugal se encontra, é lamentável que pela Europa fora o cenário seja igual (talvez só porque os salários são mais elevados), ou bastante pior. O preocupante é classificarmos os países europeus, todos sem excepção, como modernos e de vanguarda (e mais tretas do género) e haver fome solta pelas ruas, becos, ou escondida em casas abandonadas pela sorte. Crianças que não comem aquilo que o corpo e a idade pedem, idosos que não podem gozar plenamente dos seus últimos anos de vida.
A solução passa pelos preços mais leves dos combustíveis, mas também pelo emprego, oportunidades, estabilidade, uma vida a que todos nós temos direito. Porque estamos aqui e somos pessoas, como todas as outras. E por isso não temos o direito a passar fome, dificuldades, a ser ignorados apenas porque não temos o que comer ou o que vestir. É a chamada igualdade. Em todos os aspectos que conhecemos.
Mas ainda há muitos em Portugal que, face à crise, gastam aquilo que não têm. E isso ainda é mais preocupante! No outro dia ouvi uma conversa de um casal a planear a compra de um plasma para ver o Europeu de Futebol. O problema seria o mês de Maio ter sido longo e dispendioso e Junho não se aflorar melhor. A solução. Fácil! Comprar a prestações. Em Junho e nos restantes meses haveria de sobrar qualquer coisinha para pagar mais uma prestação. A somar à da casa e dos carros (havia dois carros, um para cada um...). E se não houvesse sempre poderiam aceder aos créditos televisivos que emprestam sem perguntar para quê. E a vida gasta-se em prestações, de bens materiais, fáceis de levar para casa mas difíceis de adquirir. Por este andar, daqui a uns tempos, até os supermercados vão ter prestações para a comida que compramos. Já imagino o slogan: "coma em Março e pague em Abril!" ou "Pague em Abril o que comeu em Março e Fevereiro!"
Por uma questão de educação nunca comprei nada a prestações, e poupo o pouco que ganho. E gasto apenas naquilo que de facto considero ultra-necessário comprar. Sobretudo numa época de crise como esta. Um plasma? Gostava de ter um. Mas há necessidade? Não... Se as televisões de casa não prestarem para ver os grandes (serão?!) jogos de futebol que se avizinham, agarro no carro e parto rumo a um café qualquer onde existam os gigantes ecrãs. Não vão faltar nesta cidade!
Este será um dos grandes problemas do futuro: gastar aquilo que não temos mas que o banco, a loja e empresas de crédito fácil emprestam sem pestanejar. Pagar é quando calhar e da forma que calha...! Não entendo como se pode viver desta forma, na corda bamba. Concordo plenamente com as prestações para comprar uma casa (os valores são diferentes...), um carro (em termos práticos até fica muito mais caro, ou já pensaram nos valores do seguro contra todos os riscos?) mas comprar um plasma? Uma máquina fotográfica? Uma máquina de café? É ridículo...!
E que tal gastar o dinheiro no mais essencial: comida e casa! Depois vem a saúde, educação, electrodomésticos e computadores, carros, viagens (ainda há quem peça dinheiro para viajar... como é possível?), concertos etc. etc. etc. Sem nunca esquecer os outross encargos que temos como nossa responsabilidade, os filhos, quem os tem...!
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