Quarta-feira entre as nove e as onze da noite decorria o jogo de qualificação para o Europeu do próximo ano, e a minha televisão resolveu pifar cinco minutos depois do intervalo. Como o jogo não estava a ser muito atractivo e Portugal vencia sem dificuldades, não me preocupei muito e não fui para a cozinha ver o resto dos quarenta minutos. Ainda andei com o cabo dum lado para o outro, tentando resolver o mau contacto mas como não fui feliz resolvi desistir e fazer algo melhor: acabar de ler a Visão da última semana!
Depois das onze horas da noite recebo uma mensagem a perguntar se tinha visto o soco do Scolari e não entendi. Corri para a cozinha, liguei a televisão e vi de imediato o que tinha sucedido. Não entendi, os comentadores não explicavam, apenas referiam o nome do Quaresma, mas fiquei confusa pois não vi o jogador na área da acção do soco de Scolari.
Ouvi, li na manhã seguinte as notícias dos jornais e conclui que o melhor era não censurar: só quem está dentro de campo pode criticar e dizer que nunca faria o mesmo. Não concordo com a atitude, não sou a favor da violência mas tenho a certeza de que se fez o que fez, é porque tinha razões suficientemente fortes para o fazer. Melhor do que a dizer isto esteve o Manuel José, um dos possíveis candidatos ao lugar do Scolari em 2008, quando o contrato do "Felipão" com a selecção portuguesa terminar. Vale a pena ler no Jornal de Notícias de hoje: "Os abutres já estão a aparecer".
Não entendo a perspectiva do Pinto da Costa que, segundo rezam alguns meios de comunicação hoje, já telefonou ao Gilberto Madail a pressionar para que o seleccionador português seja despedido. Um selecionador que fez os portugueses sonhar e acreditar em coisas que nunca tinham acontecido. Que fez com que a maioria das casas portuguesas tivessem bandeiras expostas durante o Euro2004, decorrido no nosso país. Que nos fez gritar por Portugal, a plenos pulmões, que nos fez cantar o hino em uníssono com os jogadores, vibrar até não poder mais com vitórias sobre as melhores selecções do mundo como a Inglaterra e a Holanda, andar a apitar pelas ruas durante horas e horas, coisa nunca antes vista. Que nos colocou numa meia final dum Europeu, que nos colocou nos quartos-de-final dum Mundial, que nos colocou entre as melhores equipas do mundo, sobretudo, que nos fez sonhar como nunca o tinhamos feito! Que nos fez acreditar num momento em que até o primeiro-ministro do nosso país se ia embora com o rabinho entre as pernas!
E agora, por uma atitude ele deixa de ser o melhor para passar a ser o "diabo"? Estranho não?
Na entrevista de ontem da RTP pediu desculpa à Federação, aos portugueses e a mais ninguém. Porque não tinha que o fazer... por mim fica! E não o censuro pelo que fez... se o fez é porque tinha alguma razão para isso!!! Gosto dele, parece-me ser mais sincero do que a generalidade dos "idiotas" que andam para aí e gosto disso! Tal como ele sabia que lhe ficava bem pedir desculpa ao jogador sérvio, mas não sentiu que ele merecesse, e não o fez, sem medo de represálias!
E quero ver quem será o primeiro corajoso a atirar a primeira pedra! Deve ser alguém demasiado perfeito para existir...
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