- Em 1999 Isaltino Morais era presidente da Câmara Municipal de Oeiras, eleito pelo PSD, e Marques Mendes presidia à Assembleia Municipal da autarquia para além de ser deputado na Assembleia da República. A Universidade Atlântica era, e ainda é, uma entidade participada pela autarquia em 41% (não sabia que era possível tal coisa...!). Foi neste contexto que Isaltino nomeou Marques Mendes como presidente da direcção da Ensino, Investigação e Administração, empresa proprietária da Universidade Atlântica.
- Legalmente isto não era permitido porque as nomeações de representantes do município nos órgãos de empresas ou entidades em que participe no capital são "feitas de entre membros da câmara municipal ou de entre cidadãos que não sejam membros dos órgãos municipais". Exclui pois, expressamente, a assembleia municipal, caso contrário seria uma norma escusada.
- E este pode ser o motivo pelo qual Marques Mendes não recebeu uma remuneração durante os três anos em que foi presidente, mas apenas em senhas de presença (num total de 44.250 euros em senhas de presença, numa média de 1.340 euros por mês), além de refeições, deslocações e combustíveis. Isto porque, enquanto deputado, bastava não estar em regime de exclusividade para poder auferir uma retribuição por outras funções.
- Perante os factos Marques Mendes remeteu-se ao silêncio e Pedro Vinha da Costa, chefe de gabinete do líder laranja, afirmou que Marques Mendes "não se lembra de nada e o que sabe é que está tudo bem";
- Foi o Correio da Manhã quem deu a conhecer tudo isto e o mesmo jornal explicava que esta situação podia tratar-se de uma forma de fuga ao pagamento das contribuições para a Segurança Social. Isaltino Morais mostrou-se surpreendido pelos factos e pediu esclarecimentos à Universidade Atlântica (os dois políticos estão de relações cortadas desde as eleições em 2005, apesar de um ano antes Marques Mendes ter redigido um prefácio muito elogioso a Isaltino Morais).
Comentários!? Tal como a licenciatura de José Sócrates foi falada e falada, relembrada e discutida, com direito a defesa do visado na estação pública, quero que o mesmo aconteça com o líder do maior partido da oposição. Até porque José Sócrates tentou ignorar as notícias e dessa forma desvalorizá-las, mas Marques Mendes conseguiu ser ainda mais idiota e fingiu que não se lembra de nada (fraca memória que não consegue recordar o que aconteceu há 5 anos atrás...!) e mesmo assim diz que está tudo bem. Como que para nos tranquilizar!
O facto disto ter sido publicitado no dia 30 de Maio pelo Correio da Manhã e os outros jornais ainda não lhe terem dado destaque merecido, faz com que eu tenha quase a certeza de que estes factos não se vão tornar mediáticos como os do caso do primeiro-ministro. Ambos deviam ser investigados da mesma forma e tratados da mesma forma. Se não o forem a pergunta, porque não?, surge e pode inquietar muitas mentes mais atentas. Ou talvez explicar o mediatismo do primeiro caso e o interesse e objectivos que estavam escondidos no meio de tanta polémica e alarmismo. A classe política merece ser cada vez mais investigada, começando nos líderes e terminando nos presidentes de juntas de freguesia, é a esta conclusão a que chego depois depois destes dois últimos post's!
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