No fim-de-semana duas pessoas inquiriram-me: "Tu que percebes este tipo de fenómenos explica-me: porque é que o caso desta rapariga inglesa está a ter todo este mediatismo?" Sorri e neguei qualquer especialização neste tipo de assunto, mas de facto, há coisas que me parecem óbvias. Como em toda, ou quase toda a blogosfera, não se fala de outra coisa, resolvi que este humilde e familiar blog não deveria ser excepção.
Uma as primeiras razões é o desaparecimento ter decorrido no Algarve (ou Allgarve, como na publicidade!). É uma região que vive do turismo (apesar de eu ainda sonhar em arranjar um emprego lá...na área da comunicação, espero!), e sobretudo do turismo estrangeiro, nórdico, inglês. Quando a notícia se espalhou a região começou a ser vista como pouco segura, e tenho a certeza de que muitos pais de crianças desmarcaram as férias que tinham planeadas para a zona sul de Portugal. Talvez não tanto os ingleses que têm a confiança como uma das palavras de ordem, mas alguns portugueses devem-no ter feito. Este acontecimento foi mau para a publicitação da região turística, e como tal, os esforços tiveram de se unir para conseguir descobrir a criança. Para isso, o melhor seria dar a entender aos media que tudo estava controlado e tudo estava a ser feito, e fazer todos os dias, ou pelo menos no início era assim, uma conferência de imprensa para dar conta dos desenvolvimentos do caso. Apesar de sentirmos que o caso não se estava a desenvolver e a polícia estava cada vez mais baralhada!
Outra das razões é a nacionalidade da criança e dos pais. São ingleses! A Inglaterra é um país poderoso, respeitado, com boas relações com Portugal e com o mundo inteiro, salvo raras excepções como o Iraque...! O embaixador inglês em Portugal envolveu-se neste assunto desde o primeiro minuto, e com os conhecimentos inerentes à função, conseguiu mover mundos e fundos para solucionar este problema. Por isso, destacou a melhor força policial e de investigação para encontrar a criança perdida.
A terceira razão, a mais importante do meu ponto de vista, é a qualidade das televisões portuguesas. Deplorável a forma como têm tratado o caso! No início, na ânsia de encontrar respostas, cada canal tinha a sua informação não verificada e iam mandando hipóteses para o ar, para logo de seguida as desmentirem. Em cada telejornal, jornal da tarde ou jornal da noite são dados em média cerca de dez minutos, ou mais, para este caso, repetindo exaustivamente os mesmos factos, quando os há! Nos jornais não vejo um mediatismo tão grande como nas televisões, apenas relatam os últimos acontecimentos, procedimento normal e aceitável até ao desenrolar deste caso. Também a destacar neste último ponto, a forma como os media ingleses estão a tratar o caso. Criticam a polícia portuguesa, a forma como está a ser tratado o caso, esquecendo-se de que no seu país desaparecem mais crianças (cerca de 700 mil por ano... número demasiado assustador...) do que em Portugal. E que não são encontradas... pela polícia inglesa.
Hoje ouvi que há novos dados sobre este desaparecimento e espero, sinceramente, que a criança apareça e que alguns pais tenham aprendido alguma coisa com tudo isto. Deixar crianças sozinhas nunca foi aconselhável, pelo que pode acontecer... que não é previsivel. E como diria o Scolari, espero que Nossa Senhora de Fátima possa, de facto, fazer um milagre e ajudar...!
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