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Uma noite com nevoeiro

Ontem apaixonei-me verdadeiramente pela Invicta... duma forma tão simples!

A história começa quando descobri que teria de "jantar" com um casal amigo do casal com quem vivo (os do quarto ao lado, cujas paredes não são propriamente boas para travar o som). Eles convidaram e não tive como recusar, até gosto deles mas não ando com grande paciência para estar com pessoas desconhecidas e ser simpática só porque sim! Para além de ter andado a semana toda com uma dor de cabeça que me tira a paciência e me irrita mesmo muito... prognosticamente chamado pelo meu "médico preferido" de contractura.

A colega de estágio queria ir ver uns cantares das janeiras na Ribeira, e para sair de casa e também para me livrar do jantar e da simpatia forçada durante umas horas acedi e fui! Jantei com eles, ou melhor ajudei a preparar a comida e comi mais cedo, porque afinal "as janeiras começavam ás 21.30h e não podíamos chegar atrasadas!" Ficou toda a gente convencida de que eu gostava muito destas coisas populares, das janeiras... pois claro!

Os convidados chegaram pontualmente meia hora atrasados e ainda me apanharam a vestir o casaco... o rapaz era muito estranho, fumava em todo o lado da casa e metia as cinzas para o chão (!!!! e eu que achava que já conhecia gente porca o suficiente), e a rapariga tinha uma boca do tamanho do mundo... nunca tinha visto um sorriso tão rasgado, céus!... axo que já cortei o suficiente...!

Mas o importante é o momento em que sai de casa, depois de mais uma discussão normal com o namorado da minha colega de casa. Estava nevoeiro... parece banal... mas foi a visão mais mágica que já tive nos meus vinte e tal (não vale a pena contabilizar sobretudo a poucos dias de aumentar a contagem!) anos! O cheiro que estava na cidade era... indescritivel! Lindo, lindo, lindo! Não arranjo palavras para mais! O nevoeiro, aquele cheiro, a cidade como estava pintada... tinha qualquer coisa, não dá para explicar... mas era tão lindo! Lindo o suficiente para nos lembrarmos das pessoas de quem gostamos realmente e de querermos partilhar isso com elas... apenas porque só elas merecem! (sou tão má a explicar estas coisas.. tenho definitivamente de ter umas aulas de sensibilidade...)

A verdade é que tinha combinado em S. Bento com a minha colega, mas ela ainda ia demorar... e fui passear... respirar aquele nevoeiro (?) , aquele sabor a magia que emana de todos os cantos da cidade. O teatro nacional s. joão estava mais lindo do que nunca, a batalha estava especial... era uma nova cidade! Nem sequer haviam pedintes nas ruas! Enquanto passeava lembrei-me de tantos momentos bons, os melhores... que aconteram à dez anos, à nove, à sete, à dois ou três... e questionei a razão de serem mais especiais que outros. Tem de haver uma razão, por mais irracional que seja... deve existir! Tantas recordações por entre tanto nevoeiro...

Parecia tolinha mas sabia-me tão bem... estava com a cara tão fria mas estava tão feliz sem saber porque (e andei bem deprimida a semana inteira, apesar das coisas não terem corrido assim tão mal!)... até sorri para desconhecidos (inacreditável pois é!). Segui para S. Bento e depois para a Ribeira... ahh! o rio, o cheiro, o frio que sabia tão bem... o nevoeiro que não deixava ver para além de poucos metros!

E depois ali tudo parecia engraçado! Imaginem: um palco e vários grupos foclóricos a cantar... alguns desafinavam tanto que desatava toda a gente a rir! Claro que nós rimos do inicio ao fim... e agora pensando nem sei porque fiquei em frente ao Cubo a ver "aquilo", com o cú gelado e as mãos frias da cerveja... estava bem mais confortável dentro de um dos bares. Um grupo de miúdas que decidiram bater umas nas outras para ninguém olhar para o palco mas sim para elas, e conseguiram! Uma senhora que tinha um saco de plástico na cabeça, não sei porque, um gajo baixo que lá estava com um boné na cabeça muito engraçado (estou a gargalhar lol). Ah! e antes de chegarmos à ribeira, ainda passamos por uma varanda onde estavam pessoas a dançar... quatro gajas e um gajo que dançavam ao som de uma música clássica qualquer... uma dança completamente surreal, em que nós também rimos do ínicio ao fim! Uma casa de stripe onde eu queria entrar para saber o que era (antes ainda não sabia que era uma casa de stripe claro!!), quando de repente o segurança, um senhor já de idade mas com cara de mau nos tapa a porta com o seu "caparro" e nós vemos lá dentro um quadro indicador de que era de facto um bar de striptease!

Mas tudo isto teve a sua mística numa noite linda de nevoeiro! O rio ali ao lado, a marginal a chamar-nos! Não fomos porque a minha colega não guarda boas recordações daquele espaço... mas não saio da Invicta sem ter passeado pela marginal do Douro. Sozinha para não ficar com más recordações também... não quero más recordações de nenhuma marginal! Duvido que haja alguma feia no mundo!

Hoje de manhã o nevoeiro ainda persistia no Porto e em Coimbra também... mas sem aquela mística da Invicta! ... E agora já chega de história e lamechices... vou matar saudades do Pataco!

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