A mais de um mês da data do referendo já a campanha é feita da pior maneira possível, misturando política com religião, opinião e racionalidade. Tudo junto não surte um efeito positivo...!
O substituto do bispo do Porto, internado há dois meses depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral, comparou ontem na missa do Galo, a interrupção voluntária da gravidez à prática medieval, "Roda dos Meninos". A Roda dos Meninos é o nome dado a uma roda existente nos mosteiros na Idade Média, onde as crianças indesejadas, ou com pais demasiado pobres, ou por outra razão qualquer (há tantas...) eram deixadas! "Todas as interrupções naturais ou provocadas são actos prematuros e imaturos", afirmou D. João Miranda, administrador apostólico do Porto.
Em resposta, o movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim, contrapôs que esta comparação não tem razão de existir, porque não são coisas comparáveis, até porque o feto com 12 semanas ainda não é considerado uma criança. E acusaram a Igreja de tentar misturar coisas diferentes e confundir as pessoas, lamentando ao mesmo tempo a forma como está a encarar e coordenar o referendo de 11 de Fevereiro do próximo ano.
O Papa Bento XVI também falou ontem, na missa do Galo na basílica de São Pedro no Vaticano, sobre o respeito pela dignidade de todas as crianças, nascidas e ainda por nascer. O Pontífice evocou "as crianças que, como soldados, são envolvidas num mundo de violência", "as crianças obrigadas a mendigar", "as que sofrem a miséria e a fome", e as "crianças que não têm amor algum". Palavras ditas, dias depois de o Vaticano se ter recusado as exéquias religiosas a Piergiorgio Welby, devido à sua vontade de morrer ser contra a doutrina da Igreja.
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