Não sei como começar... nem sequer como dizer o que, depois de algum ajuntamento, não me deixou dormir mais de duas horas hoje. É a minha frieza que fica insuportável com as pessoas de quem mais gosto (e também estou a falar de amigos)... o medo de voltar a ser enganada, magoada e de voltar a fugir-me o mundo por debaixo dos meus pés, faz com que a frieza aumente a cada dia que passe. O facto de haverem tão poucas pessoas que merecem a minha confiança, amor escondido, carinho inexistente, faz com que a minha frieza já descendente familiarmente, aumente sem cessar. Sem justificações racionais, sem coibimentos, sem controlo... e depois de passadas as situações, o peso enorme na consciência é insuportável. O desejo de pedir desculpa aumenta, mas a coragem de o fazer é derrotada pelo medo de ser magoada novamente.
Se não dermos uma oportunidade nunca saberemos o que pode sair daquele "buraco", a teoria toda já a sei demasiado bem pelos conselhos que dou aos outros. Mas na prática o conhecimento é inexistente. Já não sei o que mais dizer... nem sei porque o estou a fazer aqui... talvez porque nem tenha coragem de contar o que realmente aconteceu... a atitude completamente estúpida que partiu de mim. Nem eu própria compreendo o que fiz, mas agora pensando melhor talvez seja bom contar o que aconteceu: mereço mesmo um abanão e dos grandes. Este crescimento irracional tem demasiados agravantes para ser deixado incólume!
Amanhã vou estar com uma amiga que deixei que se afastasse há uns tempos atrás... tempos pois! Há dois anos atrás... não vou contar como me custou este afastamento, não vale a pena! O que vale a pena referir foi a maneira fria com que a tratei quando ela se tentou aproximar ao dizer "Vamos combinar alguma coisa antes de ires embora!" E sabem que mais? Não acreditei que ela estivesse a ser sincera... até fiquei um pouco magoada na altura porque achei que estava só a ser simpática e agradável... só depois ( horas mais tarde) percebi por alguns pormenores, que não vale a pena referir, que estava a ser sincera! Mas antes da grande descoberta, tratei-a mal pelo medo...!
Sei que é um problema de família, mas isso não o torna menos grave e irracional. Nem escrever sobre isto é fácil para mim (aliás, como tudo aquilo que está relacionado com os meus sentimentos).. surgem sempre uns textos frios, racionais e sem qualquer coerência. O que me apetece fazer é nem sequer publicar isto! Mas nas horas que não dormi decidi que o iria fazer... apenas porque já que o medo me impele a não pedir desculpas, pelo menos aqui fica publicamente o pedido de desculpa à minha frieza, a quem quer que já tenha sido atingido por ela.
Passam como flashes na minha cabeça todas as situações, todas as pessoas que não tive coragem (porque tive medo) de dizer o que sentia. Porque as deixei fugir... e um dia mais tarde sei que as irei reencontrar, já reencontradas por outra pessoa... e aí irei perceber o que deixei fugir, e o peso irá aumentar muito mais. No 1/4 de século que tenho aprendi que tudo o que é demasiado perfeito não pode ser nosso... pela simples razão de que não há vidas perfeitas! E por isso nunca ficamos com a pessoa que realmente amamos, nunca ficamos com os amigos perfeitos, com o emprego perfeito, com a família perfeita... enfim, com a vida perfeita! E por isso é normal que na vida de cada um de nós exista um amor "especial" que, se já foi concretizado, não deu certo apenas porque não tinha que dar... e se não foi concretizado era porque não tinha que ser. Mas ficamos felizes por saber que já amamos alguém da forma mais pura que há! E quando voltarmos a amar outra pessoa menos intensamente, numa outra perspectiva, a sombra existirá sempre mas como algo que nos dá conhecimentos. Sem friezas espero, sem constrangimentos carinhosos... o normal!
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