Novos dados sobre o caso do Apito Dourado voltaram a aparecer nas páginas dos jornais. O Público foi quem deu o potapé de partida para mais uma bomba no mundo mediático. Conseguiu desviar as atenções do Caso Mateus porque ressuscitou um caso que já estava adormecido nas nossas memórias (até porque muitas das queixas estavam a ser arquivadas por falta de provas), e ainda porque coloca algumas dúvidas quanto ao bom ou mau jornalismo que foi feito.
A minha questão é: se as escutas reveladas fazem parte do Processo Apito Dourado, como é que são publicamente conhecidas por um Jornal? Como é que o jornalista teve acesso às transcrições? Não era suposto estas conversas estarem protegidas por segredo de justiça?
Ontem saiu a notícia no Público sobre o Luís Filipe Vieira e a nomeação dos árbitros, "Escutas apanharam LFV a escolher árbitros para o Benfica", e hoje saiu uma outra notícia mas sobre Pinto da Costa, "Indicou árbitro para o final da Taça de 2002/03". Não notam alguma diferença no teor das notícias?... aliás, até nos títulos se nota a diferença de que falo (bem-haja seminário que me ajudaste a perceber sem perder muito tempo...). E mais: onde está a transcrição da conversa de Pinto da Costa? (não sei se vem no jornal impresso, mas na edição online não vem... a transcrição de LFVieira vinha ontem no online)
Não sei se hei-de acreditar no Vieira, e há muitos pormenores nesta recambolesca história que não estão explicados. Mas de uma coisa tenho a certeza, e só vou mudar de opinião quando os jornalistas que escreveram estas notícias o negarem. Estas histórias foram nitidamente enviadas para os jornais com um objectivo muito claro, denegrir a imagem do Benfica! E digo isto com esta certeza e talvez arrogância porque o teor da notícia é bastante incriminatório ( e se quiserem posso demonstrar onde, em que palavras, em que omissões, em que acentos!), e não há um espaço na notícia que sirva para dar a voz a LFVieira, para este se defender. O que é um direito habitual quando nos fazem uma acusação. Geralmente os visados não querem responder às acusações, ou não querem prestar declarações, e isso é publicado juntamente com o texto incriminatório. O que não foi feito neste caso! O Público online escreveu e publicou apenas na edição online, aquilo que Vieira disse à hora de almoço na conferência de imprensa... mas devia-o ter feito antes, na edição imprensa, ao lado da acusação. Porque?
E depois volta-se ao mesmo problema que ocorreu com o Processo Casa Pia: a violação do segredo de justiça. Claro que muitas vezes não são os jornalistas que o violam, porque só o iriam violar se assaltassem um tribunal ou comarca e roubassem os processos em que estavam interessados. Mas o triste é que cooperam com essa violação, e cooperam com os interesses intrínsecos a uma violação. Tal como uns meses mais tarde, ficou provado o "porquê" de algumas violações do Processo Casa Pia, este caso do Apito Dourado também se vai resolver, e daqui a uns tempos iremos entender estas duas notícias (ou será que ainda há mais?)!
O texto de hoje não condena Pinto da Costa porque, ao contrário de Vieira, ele já foi constituído arguido no processo e portanto o caso não é tão grave, seguindo a perspectiva do jornal. Mas não digo mais nada porque estou cansada disto, leiam os dois textos e vejam se não há qualquer coisa aqui que não bate certo. E se a cabala de que o Vieira fala até não terá alguma lógica.
Mas neste caso há de facto pormenores que não consigo entender. O Presidente do Benfica disse ontem que era normal os clubes aceitarem ou não nomes de árbitros para as meias-finais e finais das Taças de Portugal. A que propósito? É que se é verdade, é uma manobra que permite facilmente aos clubes meterem uma "cunha"!!! E assim, a Liga de Futebol, a Comissão de Arbitragem e sei lá mais quem, apenas vão estar a cooperar na sua máxima força com um futebol injusto e recheado de favorecimentos. Não acho nada normal! Mas se de facto é normal não vejo onde a conversa possa ter algum interesse público para ser noticiada.
Para responder a alguns benfiquistas que estão descontentes com o seu Presidente e envergonhados por serem deste clube, sinto pena. Porque o Benfica, tal como todas as equipas nacionais, não são os seus Presidentes ou até mesmo alguns jogadores que apenas jogam por amor ao dinheiro e não à camisola. O Benfica é muito mais do que isto que se está a passar e por isso não devemos ter vergonha, mas sim orgulho pela nossa história.
Por aquilo que representa para acomunicação social, sobretudo pela violação do segredo de Justiça, o Público terá de rever o seu modo de fazer jornalismo. Tanto prima por ser um jornal de referência como o seu director tanto clama aos céus, como por vezes (e nos últimos tempos, vezes demais) prima por um sensacionalismo demasiado barato. Esperamos pelos próximos desenvolvimentos redigidos nas páginas do Público com alguma ansiedade!
P.S.: E o Expresso hoje saiu com nova cara... mas duvido que venda mais que o Público depois de publicada a "bomba" de ontem, e a "bomba" de hoje! Coincidências, ãh!?
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