Os Prémios Gazeta 2005 tiveram várias particularidades: O Grande Prémio foi atribuido a duas jornalistas (geralmente é atribuido a apenas um), e o Prémio Revelação foi atribuído pela primeira vez a uma jornalista freelancer (de 28 anos!!).
A jornalista do Público, Alexandra Lucas Coelho e a directora-adjunta do Expresso, Cândida Pinto venceram o Grande Prémio Gazeta atribuído pelo Clube de Jornalistas. O Prémio Revelação foi para Inês Almeida, freelancer, por trabalhos publicados no suplemento DNA do Diário de Notícias. O Prémio de Mérito foi atribuido a Edite Soeiro da Visão, a jornalista com mais anos de profissão ainda em actividade. O Prémio Imprensa Regional foi para o semanário algarvio Barlavento. Estas quatro jornalistas estiveram ontem no Clube dos Jornalistas (programa da 2), mas esqueci-me e cheguei a casa apenas a tempo de ver meia hora de programa.
Ainda consegui ouvir algumas histórias, mas a que mais me surpreendeu, talvez pela eloquência, foi Alexandra Lucas Coelho. Contou histórias fantásticas sobre o Médio Oriente, sobre o que sentiu quando lá esteve os primeiros dias, como se apaixonou por aquelas pessoas, pela cultura, tradições. Explicou como o trabalho dos enviados especiais é ingrato, até porque eles visitam um dado país onde nunca foram, ficam uns dias e depois nunca mais lá voltam. E foi contra isso que ela remou... desejava conhecer mais a fundo aqueles povos, a sua maneira de viver e para que isso fosse possível, apresentou uma proposta ao Público para ficar no Médio Oriente durante 6 meses e fazer reportagens mais íntimas. E foi com um dessas reportagens que venceu este prémio. Os tres trabalhos que apresentou a concurso foram considerados pelo júri como reveladores de uma prática jornalística exemplar, aliando qualidade literária com originalidade, rigor e adequada contextualização dos temas tratados.
Cândida Pinto da SIC, e actualmente do Expresso foi galardoada com a reportagem sobre a companheira de Sá Carneiro, que morreu junta com ele em Camarate: Snu Abecassis. É uma reportagem que conta os últimos tempos de vida de Sá Carneiro e Snu, onde se alia harmoniosamente entrevista, reportagem e comentário. Nesta reportagem transmitida pela SIC, também se retrata o ambiente político pós-revolução de 1974 que foi feito sem concessões ao espectacular, à demagogia, ao maniqueísmo e ao aproveitamento político.
Algo está a mudar: quatro mulheres vencem os Prémios Gazeta! Pela primeira vez temos uma mulher a escrever, alguns dias, não todos, o editorial de um jornal de referência: Helena Garrido no Diário de Notícias. Ou talvez não esteja nada a mudar, mas finalmente se tenha começado a dar valor às mulheres no Jornalismo...
P.S. : "O Barlavento tem a redacção principal em Portimão e uma sede em Faro". Ohh well.. la la la ... muitos suspiros estes dias...!
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