A reestruturação editorial e gráfica do jornal será acompanhada pela dispensa de dezenas de jornalistas e novas contratações. É a «reinvenção» do diário, sublinha a direcção do título.
«A NOSSA ambição é fazer um jornal que seja tão diferente, tão inovador e que rompa tanto com a tradição da imprensa portuguesa como fizemos quando o Público nasceu, há 16 anos». Foi desta forma que o director do «Público», José Manuel Fernandes, explicou hoje ao EXPRESSO a revolução que o título está a preparar para chegar de cara lavada às bancas em Janeiro do próximo ano.
Depois da anunciada modernização gráfica do diário, que tem vindo a ser trabalhada por Mark Porter, o designer responsável pela remodelação do britânico «The Guardian», a direcção do jornal começou esta semana a debater com os jornalistas a reestruturação editorial que o título deverá sofrer. Questionado sobre as alterações que serão introduzidas no diário, Fernandes preferiu escudar-se num «ainda estão em discussão», mas o EXPRESSO sabe que não foi por acaso que o jornal contratou o designer do «The Guardian». O título britânico será «uma das referências», nas palavras de José Manuel Fernandes, do novo «Público» que será composto por dois cadernos: o primeiro concentrará as principais notícias do dia, o segundo deverá incidir mais na reportagem e num outro olhar sobre a realidade.
A decisão deverá implicar a extinção dos três cadernos locais (Porto, Centro e Lisboa). Já em Setembro de 2002, o título de Belmiro de Azevedo havia posto fim à experiência do «Local Minho», que durou apenas dois anos, e este ano avançou com o encerramento de todas as delegações, com excepção da de Coimbra. Fernandes sublinhou, contudo, que o diário manterá a sua matriz, com duas redacções, no Porto e em Lisboa.
A remodelação dos conteúdos e do grafismo deverá ser acompanhada pelo redimensionamento da equipa de jornalistas. José Manuel Fernandes apenas adiantou que as necessidades de pessoal terão que ser «reavaliadas» à luz do novo modelo, mas numa missiva que escreveu esta semana aos jornalistas admitiu que as mudanças seriam feitas num «ambiente de grande turbulência, com muitas pessoas a sair e outras a entrar». Entre a redacção, existe a convicção de que poderão vir a ser dispensados 40 ou 50 profissionais, uma oportunidade que o jornal aproveitará para introduzir sangue novo na redacção. Confrontado com estes números, o director do «Público» refuta em absoluto esse cenário.
Os prejuízos do título da Sonae no primeiro trimestre de 2006 situaram-se nos 2,2 milhões de euros, um agravamento de 380% em relação ao período homólogo do ano passado. No mesmo período, a circulação média mensal caiu 8,1% para os 44.256 exemplares por edição, acompanhando a tendência de descida da imprensa nacional.
in Expresso
O Público não é o meu jornal preferido, e cada vez mais ouço críticas à qualidade deste jornal diário. Uma remodelação é sempre uma boa ideia, sobretudo em tempos de crise como a que se vive na imprensa, mas espera-se uma remodelação para melhor. Ha uns tempos (não vi nada nem soube de nada na altura, até porque andava em exames, mas posteriormente contaram-me) o jornal foi deveras criticado porque publicou o nome de uma criança que havia sido violada. Como se o nome fosse de extrema relevância para o exercício do jornalismo.. José Manuel Fernandes veio a público defender que tinha sido um erro e que não voltaria a acontecer... mas o que é facto é que um erro deste género, partindo de um jornal que quer primar pela referencia e bom jornalismo, não é minimamente aceitável. Quem foi o jornalista que publicou o texto? Não passou antes de ser publicado por um redactor ou editor?... Talvez para a próxima, antes de criticarem o 24 Horas ou o Correio da Manhã (como já li o sr. José Manuel a fazer), olhem primeiro para o "seu próprio umbigo".
Ontem aconteceu algo semelhante. Falava-se de estágios e colocações e vagas... quando alguém pergunta a um professor se as vagas na SIC tinham sido todas preenchidas. E ele diz "não, não foram". "Ah! que alívio, uma amiga minha estava com medo de calhar na 2ª hipótese, a TVI". Ao que ele responde, e eu de seguida aplaudo, "mas há neste momento alguma diferença entre a SIC e a TVI?"... sem mais comentários!
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