Na praça onde trabalho há crianças. crianças que brincam no meio da erva a que chamam relva, na imundice deixada pelos adultos viciados em aditivos. naquela praça já não há pais que acompanham as crianças à escola, não há amparos nem preocupações. a chuva cai e, sozinhos na praça, acompanham-na até chegarem à soleira da porta de casa. as crianças, na praça onde trabalho, vão para a escola sozinhas. acompanhadas pela mochila, o saco de pano que lhes acalenta os conhecimentos que eles querem assimilar. o mundo que habitam não lhes dá esperança para o que trazem, todos os dias, no saco de pano. a praça onde trabalho é dividida por uma auto-estrada. de um lado há um mundo normal e do outro crianças sozinhas a deambular para a escola. os adultos vivem a sua anarquia em cada esquina. as caras tristes e sem sonhos, os olhos vazios, os cabelos desgrenhados ao sabor do vento e dos raios de sol que se soltam por entre as árvores. a praça onde grassam vícios no chão. onde nem sempre o vento
Uma menina crescida. Uma mãe. Uma sonhadora. Uma analista disto e daquilo. E os devaneios de todas elas!